segunda-feira, novembro 08, 2010

Brasil precisa substituir lixões por aterros sanitários até 2015

A implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada em agosto e ainda sem regulamentação, terá como grandes desafios a gestão compartilhada, o prazo para substituição de lixões por aterros sanitários e a ampliação e melhoria da produtividade da coleta seletiva. As metas foram listadas nesta segunda pelo secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Silvano Silvério.

O secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, José Machado, disse que a regulamentação da PNRS – que tinha prazo de 90 dias, contados a partir de 2 de agosto – será concluída até o fim deste governo e assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministério já tem uma minuta do decreto e está discutindo o texto no governo e com entidades do setor de gestão de resíduos.

A lei prevê a responsabilidade compartilhada na gestão dos resíduos sólidos e proíbe a manutenção de lixões em todo o país. Segundo Silvério, estados e municípios terão até agosto de 2011 para elaboração de planos de gestão de resíduos. Até 2015 o país terá que ter eliminado os lixões.

“O esforço inicial é para garantir a implementação de aterros. A lei dá quatro anos de prazo máximo para adequação de aterros e fim dos lixões”, disse o secretário durante apresentação no seminário Regulação e Gestão de Serviços Públicos de Manejo de Resíduos Sólidos: Aproveitamento Energético do Metano de Aterros Sanitários.

O governo deverá estimular projetos compartilhados entre municípios e estados e iniciativas intermunicipais, que têm custo operacional reduzido, se comparados com projetos individuais. Uma das orientações, segundo Silvério, será a criação de autarquias municipais ou intermunicipais de gestão de resíduos.

“Queremos estimular a formação de consórcios públicos para gestão, isso otimiza investimentos e permite planejamento e gastos compartilhados”, comparou.

Evitar que os aterros voltem a se transformar em lixões por falta de gestão também é umas das preocupações do governo. Entre as possibilidade para garantir a sustentabilidade financeira dos empreendimentos estão o aproveitamento do metano liberado pelo lixo para produção de energia e a criação de estímulos fiscais vinculados à manutenção dos projetos. “O país tem que ter uma meta para recuperação de energia em aterros a partir do gás metano. Os planos [estaduais e municipais] terão que contar com a perspectiva de recuperar energia dos aterros”, sugeriu Silvério.

Durante a apresentação, o secretário também apontou a necessidade de ampliação e melhoria da qualidade da coleta seletiva. Dos 5.565 municípios brasileiros, somente cerca de 900 têm o serviço de coleta seletiva. E a produtividade é baixa: apenas 12% do que é coletado é de fato reciclado, segundo Silvério.


segunda-feira, novembro 01, 2010

Brasil cria Fundo do Clima

As ações nacionais para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas serão financiadas pelos lucros da cadeia produtiva do petróleo


O governo brasileiro deu mais um passo importante para alcançar seu compromisso de diminuir seuimpacto no clima da Terra. Depois de estabelecer na PNMC - Política Nacional sobre a Mudança do Clima uma redução entre 36% e 39% das emissões de gases do efeito estufa até 2020, o país regulamentou ontem o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima, que financiará projetos de diminuição dos efeitos das mudanças climáticas e ações de adaptações. O Fundo Clima, como também é chamado, utilizará os recursos vindos dos lucros do petróleo. É o primeiro do mundo nesses moldes. 

O orçamento inicial previsto para o Fundo é de R$ 226 milhões. Deste total, R$ 200 milhões serão disponíveis para empréstimos e financiamentos, concedidos pelo BNDES, para a área produtiva. Os outros R$ 26 milhões serão administrados e investidos pelo MMA – Ministério do Meio Ambiente, sendo que poderão ser repassados para estados e municípios através de convênios e termos de cooperação. O Fundo do Clima também poderá receber dinheiro de outras fontes, que não da cadeia produtiva do petróleo, inclusive doações internacionais através da Convenção de Mudanças Climáticas da ONU

Algumas das ações apoiadas pelo fundo serão: 
- combate à desertificação; 
- ações de educação e capacitação; 
- projetos de REDD+ (redução por emissão de desmatamento e degradação); 
- pesquisas e avaliações de impacto das mudanças climáticas; 
- desenvolvimento de inclusão de tecnologias; 
- formulação de políticas públicas; 
- apoio a cadeias produtivas sustentáveis e 
- pagamento por serviços ambientais. 

O decreto assinado ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante sua reunião anual com oFórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, também instituiu um Comitê Gestor do Fundo. Ele será coordenado pelo MMA e formado por representantes do governo, empresários, cientistas e ONGs. Além de administrar os recursos, o Comitê Gestor deverá acompanhar e avaliar suas aplicações. 

Na reunião de ontem ainda foram entregues ao Fórum cinco planos de ação com as estratégias para a redução das emissões, conforme estabelecidas na PNMC. Dois deles têm o objetivo de prevenir o desmatamento da Amazônia e do Cerrado e os outros três estabelecem ações nos setores de energia, agricultura e siderurgia. Os projetos serão analisadas pelo Fórum no começo de novembro. Também foi apresentado, pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, o segundo inventário nacional de emissões de gases do efeito estufa, que considera o período entre 1990 e 2005. O documento aponta que as taxas de emissão caíram 33,6% entre 2004, ano pico do lançamento de gases, e 2009. 

O presidente declarou que, com o ritmo atual de combate ao desmatamento e da redução das emissões do país, as metas estabelecidas na Política sobre a Mudança do Clima deverão ser atingidas quatro anos antes do previsto. O Fundo Nacional sobre Mudança de Clima ajudará a antecipar o objetivo. E certamente sua criação reforçará a imagem do Brasil como um importante negociador na COP16 da Convenção de Mudanças Climáticas, que será realizada em Cancún no mês que vem e que reunirá diversos países para um acordo global sobre o clima
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segunda-feira, outubro 25, 2010

Cientistas italianos criam sistema para prever desmoronamentos


Sons emitidos pela rocha durante fraturas são gravados em tempo real.

Laboratório recebe via conexão wireless os dados dos sensores.

Pesquisadores da Universidade Politécnica de Milão instalaram, com a ajuda de alpinistas, uma série de sensores especiais para captar os mínimos movimentos na montanha San Martino, em Lecco, norte da Itália.
Com esses sons, e com outras informações coletadas de maneira tradicional, os cientistas querem interpretar e estudar as prováveis consequências, analisando com rigor científico, o potencial risco de desmoronamentos.Os dados obtidos pelos aparelhos são enviados em tempo real, através de tecnologia wireless, para o laboratório a pouco menos de cem quilômetros em linha reta. O objetivo é gravar os sons emitidos pela rocha durante a ocorrência de fraturas internas.
A parede da montanha de San Martino é quase vertical e as rachaduras provocadas pela erosão da rocha estão por todos os lados. Dois sistemas foram implantados em diferentes pontos para analisar melhor o comportamento da montanha.
Cada um deles é composto por sensores que trabalham de forma independente e automática. Em uma pequena caixa, chamada de unidade inteligente (são dez no total) existem três sensores para medir o alargamento da fratura, oito servem para monitorar a inclinação da parede, três captam as micro-rupturas na estrutura da rocha, e outros quatro com funções menos importantes.
O grupo de pesquisa, depois de quatro anos de trabalho, conseguiu elaborar um programa de dados capaz de cruzar as informações tradicionais, tais como a medida da rachadura e da inclinação da superfície rochosa com os eventos detectados em tempo real graças aos sensores de última geração.
O resultado é uma fotografia instante após instante do movimento ou da inércia da montanha. Os registros no setor mais dinâmico da parede monitorada indicam cerca de 30 segundos de atividades por mês. No setor menos "nervoso" da parede esse valor cai para algo como um segundo mensal. Isso significa que o primeiro sistema é muito mais instável do que o segundo.
Itália barreira 2Aparelho na parede vertical da montanha de San Martino. (Foto: Universidade Politécnica de Milão)
Tecnologia
"Antes, se instalavam sistemas fixos para verificar o alargamento das fendas existentes. Isso implica em subir periodicamente na montanha para checar o que está acontecendo e não é um método aceitável, diante do ponto de vista da previsão dos riscos, para a criação de mecanismos de alerta. Se você sobe apenas uma vez por mês na montanha vai saber apenas uma vez por mês o que está acontecendo lá em cima, e, neste meio tempo, a parede pode desabar", explicou para a BBC Brasil o professor Cesare Alippi, responsável pelo grupo de pesquisa composto por seis engenheiros nos campos da informática, eletrônica e telecomunicações.

Na realidade, a pesquisa colhe sinais inaudíveis para o homem e transforma os sons em sinais decodificados.
O processo é semelhante ao do sismógrafo usado para medir a intensidade de um terremoto. Cada ruptura na estrutura da rocha, por menor que seja, produz uma onda microsísmica. O sensor capta a vibração sonora e memoriza a informação. Depois, a transmite para ser elaborada e interpretada pelos pesquisadores.
Dependendo da direção e intensidade do fenômeno geológico, as unidades inteligentes podem ser manipuladas à distância, ou seja, o foco de atenção dos sensores pode ser desviado sem obrigar ninguém a escalar a montanha para ajustar os aparelhos montados na parede.
"O problema dos instrumentos tradicionais é que eles indicam apenas a dinâmica macroscópica da parede sob observação. Os dados são preciosos mas não acrescentam muito à causa e a evolução do evento geológico se não forem analisados com as informações das fissuras minúsculas da rocha, origem primária da fenda. A implantação de um sistema tão preciso nos obrigou a lidar com um volume de dados da ordem de 2.000 por segundo que levou a tecnologia ao limite. Neste caso, estudamos pequenos painéis solares capazes de funcionar bem, mesmo em condições de mau tempo", comentou Alippi.
O sistema automático é uma espécie de varredor da montanha e trabalha para descobrir imperfeições em andamento, capazes de comprometer o equilíbrio da pedra.
Os pesquisadores querem ir mais fundo e descobrir o ponto exato das falhas internas e a espessura delas.

"Mesmo sem saber o ponto de ruptura, mesmo que a fenda não se alargue tanto, não significa que a parede não possa desabar. Podemos medir o quanto a montanha está viva e, com a informação, predispor uma escalada de risco. Porque, e este é um problema do sistema tradicional, quando uma fenda se alarga a montanha desaba", disse Alippi.
O local escolhido para a pesquisa é uma área conhecida dos geólogos italianos. Entre as noites de 22 e 23 de fevereiro de 1969, um desmoronamento de 10 a 15 mil metros cúbicos de terra e pedras causou a morte de sete pessoas e ferimentos em três. Mais recentemente, em 1994, após uma série de temporais, o fenômeno se repetiu sem provocar vítimas. Pequenos desmoronamentos são comuns e os sensores cobrem o espaço limite à região atingida pelos eventos precedentes.
Itália barreira 1Geólogo italiano analisa dados como o alargamento de fendas. (Foto: Universidade Politécnica de Milão)
Encostas
A pesquisa faz parte do projeto PROMETEO, iniciais em italiano para Proteção Pública Metodologia e Tecnologia Operativas. Dele faz parte a Universidade Suíça Italiana e o grupo de Análise de Riscos Alpinos na Suíça.

Uma variante do sistema criado pelo grupo do professor Cesare Alippi pode ser usado em diferentes contextos geológicos.
Os problemas da ocupação irregular do solo não são uma exclusividade das favelas nos morros.
"Uma parede pode ser preocupante quando está sobre uma cidade ou uma estrada, uma ferrovia, uma infraestrutura qualquer. É um problema grande no arco alpino pois o homem criou cidades onde encontrava espaço, ou seja, aos pés das montanhas... por outras razões nasceram as favelas sobre as colinas. Depois dizem...'ops, aqui estão caindo pedras'...sim, mas a montanha estava ali bem antes", disse Alippi.

No caso alpino, as fendas estão muito sujeitas à erosão e ao rigor das estação do inverno. O ciclo de gelo e degelo da água e a força da gravidade influenciam muito os movimentos da montanha. E as chuvas, tais como no Brasil, são um problema maior.
"Quando chove tudo fica mais crítico. A água ocupa o espaço das fendas, faz pressão, e a montanha responde. Durante o inverno, a formação de gelo nas fendas provoca microrrupturas que estão muito a mercê das condições atmosféricas", analisa o pesquisador.
No caso das encostas brasileiras, o problema é menos visível do que a rachadura numa parede de montanha por causa da cobertura vegetal.
"O sistema de coleta e a interpretação de dados deverá levar em conta, não apenas a quantidade de chuva que cai mas também outras variantes como a quantidade de água dentro da terra, no subsolo, além da colocação de sensores capazes de avaliar os mínimos movimentos de inclinação do terreno e da rocha."
Quanto maior o peso do lençol de água, pior é a situação. As informações, elaboradas em tempo real, podem fazer a diferença entre a vida e a morte.
Fonte: Site G1

Empreendedorismo verde

No novo capitalismo, todo mundo sai lucrando: empresas, consumidores e - principalmente - o planeta


Nos anos 1980, surgiram os primeiros carros elétricos nos Estados Unidos. Eram silenciosos, rápidos, poluíam pouco. O estado da Califórnia chegou a solicitar às montadoras que produzissem mais modelos do tipo. Elas acataram. Mas, mimadas pelos lucros produzidos pelos veículos a gasolina, elas fizeram de tudo para que o negócio desandasse. Vendidos para o consumidor apenas em sistema de leasing, os carros foram retirados de circulação pelos fabricantes, que exigiram que os consumidores os devolvessem ao término do contrato. E assim o carro elétrico foi enterrado. No fim dos anos 2000, o cenário mudou. Hoje, carros elétricos e híbridos (movidos a eletricidade e a gasolina) são vistos pelas montadoras como uma das saídas para enfrentar a crise e um nicho de mercado forte.

O que mudou da década em que as empresas retiraram carros elétricos do mercado para hoje, em que elas disputam a dianteira desse novo negócio? De lá para cá, o mundo empresarial ficou verde. A preocupação com o clima deixou de ser exclusiva de ambientalistas e passou a ocupar o noticiário e a vida de todos. À medida que aumenta a consciência sobre a preservação ambiental, cresce também a demanda por produtos que sejam menos agressivos. E surgem novos negócios. 

É tanto espaço para crescer que o empreendedorismo verde está sendo comparado ao boom da internet, quando empresas como Yahoo! e Google começavam a ganhar dinheiro da noite para o dia. Nessa corrida pelo ouro, muitas afundaram; mas também foi a hora em que surgiram gigantes como o próprio Google. "Das startups verdes de hoje surgirão os Googles e Facebooks do futuro", diz Glenn Croston, autor de Starting Green - From Business Plan to Profits ("Começando verde - do plano de negócios aos lucros", sem edição brasileira). E essa onda verde não é passageira. "A questão ambiental é de difícil solução. Oportunidades vão continuar a aparecer em grande escala por bastante tempo", diz André Carvalho, coordenador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Escola de Administração da FGV, em São Paulo.

CHAMADO À CONSCIÊNCIA
Mas como foi que as empresas verdes, antes tão escassas, foram se tornando cada vez mais importantes no mundo dos negócios? Para entender essa questão, é preciso voltar aos anos 1960, quando surgem as primeiras empresas dedicadas a produtos e serviços com menos impacto no ambiente. Glenn Croston chama essa primeira onda de Verde 1.0: da Pré-História até a Segunda Guerra Mundial, por mais que o homem destruísse a natureza - gerando lixo, desmatando florestas, gastando matéria-prima -, ela parecia capaz de se regenerar. A percepção geral era de que os recursos naturais eram vastos e infinitos.

Mas, com o crescimento populacional e a industrialização no pós-guerra, o impacto ambiental começou a se acelerar. A lógica do consumo rápido se tornou dominante e a forma de produção se alterou, preparando-se para atender uma sociedade em que descartar rapidamente um produto para comprar um novo era a regra. Então, nos anos 1960, começou o movimento ambientalista, que defendia a conservação de recursos e denunciava o uso de pesticidas nos alimentos. Foi dentro desse cenário engajado que surgiram as primeiras empresas com preocupação ambiental. A maioria das companhias convencionais, porém, brigava até o último momento para não ter que se adaptar às crescentes regulamentações, que limitavam, por exemplo, a poluição e o uso de materiais nocivos. Cada nova lei ambiental era combatida com potência máxima pelos advogados das empresas, nos tribunais. Foi nessa época que as montadoras começaram a fazer os carros elétricos, para logo depois retroceder.

Fonte: Site Planeta Sustentável

segunda-feira, outubro 18, 2010

O Brasil do próximo presidente




A compreensão de que o país está apenas a meio caminho do desenvolvimento é o primeiro — e o mais importante — passo para que o sucessor de Lula seja bem-sucedido




Em qualquer lugar do mundo, campanhas eleitorais são a propagação à exacerbação dos sentimentos — para o bem e para o mal. É natural e esperado que governistas dourem a realidade e que oposicionistas a turvem. Ante tal choque retórico, o eleitor pode pesar prós e contras e tomar sua decisão sobre os rumos da nação, seja premiando o governante com um apoio renovado, seja propiciando a alternância no poder. E assim caminham as democracias. Não se trata de dizer que os eleitores estejam sempre certos — não faltam exemplos de escolhas que se mostraram desastrosas. Mas cabem as palavras de Winston Churchill, ogrande líder inglês: “Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos”. O Brasil de 2010, porém, parece seguir um script um pouco diferente do usual. Nesta campanha, ninguém ousou enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,protegido pela popularidade recorde e por indicadores econômicos de corar líderes do mundo desenvolvido. 

Até mesmo o principal candidato da oposição, o tucano José Serra, usou imagens de Lula em seu programa eleitoral, numa duvidosa estratégia de tentar, também ele, surfar a onda pró-governo. Resultou uma campanha algo desidratada, sem um real debate do que foram os últimos oito anos e do que precisamos fazer a partir de agora. É uma pena. O governo Lula não é, obviamente, o desastre anunciado por muitos analistas antes de sua posse, ainda em 2003. Também está longe da perfeição cantada em prosa e verso por petistas e pelo próprio presidente. Com todas as limitações do momento eleitoral, um debate sobre quanto avançamos e o que ficou por fazer seria extremamente bem-vindo. É essa discussão que EXAME pretende fomentar ao convidar alguns dos mais preparados analistas da cena brasileira para discorrer sobre o Brasil de hoje, o país que o sucessor de Lula herdará. O panorama traçado por eles mostra um quadro menos róseo. Na economia, não há dúvidas quanto ao bom momento. 

Vivemos o 16o ano de estabilidade monetária. Embora muito longe do patamar chinês, o Brasil apresenta hoje um crescimento sustentável em torno de 4% a 5% — qualquer número acima disso, como a cifra de 7% esperada para 2010, parece ter fôlego curto. A media de crescimento do PIB e da renda dos anos Lula é significativamente superior à dos anos Fernando Henrique Cardoso, e esse impulso terminou por redefinir a pirâmide social. Somos, pela primeira vez, uma sociedade em que a classe média se aproxima do sentido matemático do termo — até recentemente ela era um pequeno contingente esmagado entre meia dúzia de milionários e milhões de miseráveis. O lado mais brilhante do legado de Lula referees ao surgimento de um mercado doméstico poderoso, que tem servido de alicerce para as empresas instaladas no país. Políticas sociais bem definidas compõem o arcabouço do estado de bem-estar social montado desde a Constituição de 1988. O que se vê hoje na economia do país não é mérito exclusivo de Lula. Ele próprio herdou um plano de estabilidade que está na base de todo o crescimento. Seu maior feito foi proteger a estabilidade e deixar que a economia prosperasse. Não é pouco. O brilho do governo vai sumindo quando se olham as mudanças requeridas na estrutura econômica. Se queremos manter as conquistas, reformas são urgentes — e é aí que surgem as maiores oportunidades para seu sucessor (esta edição foi concluída no dia 27 de setembro, antes da eleição). O ímpeto reformista de Lula ficou restrito aos primeiros anos, com a agenda microeconômica que está por trás, por exemplo, do boom imobiliário e do aumento do crédito. 

Desde então, o governo preferiu não mexer em qualquer vespeiro. Liderar, porém, não é seguir o consenso. É, antes de tudo, criar o consenso. Se, para pavimentar o crescimento futuro for preciso incomodar, paciência — é o ônus que todo estadista deve estar disposto a arcar. O atual governo é pródigo em autoelogio. Mas, para um observador atento, fica claro que o Brasil não chegou ao desenvolvimento. Estamos, sim, no meio de um longo caminho. Perdemos muito tempo, um pecado mortal num país com uma das mais bizarras leis trabalhistas do mundo, uma estrutura tributária enlouquecedora, uma burocracia que sufoca a energia empreendedora, um saneamento de padrão quase africano, uma infraestrutura logística subdesenvolvida, uma educação de péssima qualidade — e a lista segue. O próximo presidente deveria também encarar a missão de recompor alguns limites que andaram se perdendo nos últimos tempos. Nas democracias, líderes partidários e governantes têm papéis diferentes. Instituições de Estado não devem servir a agrupamentos políticos. Estado e governo não podem se confundir. Órgãos de imprensa trabalham não para o governo, mas para o cidadão. Os poderes são e devem permanecer independentes. Como lembrou Churchill, não há alternativa que valha a pena fora da democracia. Fortalecê-la talvez seja a missão primeira do novo ocupante do Planalto.

Fonte: Site Planeta Sustentável

Como é feito um transplante de árvore?

Atualmente, um dos principais motivos para transportar uma árvore de um lugar a outro é a urbanização, que tira as plantas do caminho de obras. Pode parecer simples, mas a transferência exige muito cuidado, já que a árvore pode ser danificada e até morrer em um procedimento malfeito. Em alguns estados existe até uma lei exigindo que, caso a árvore não sobreviva, o responsável compense a perda com outras mudas. Por isso, para evitar transtornos, o ideal é planejar tudo com antecedência, para que as novas raízes tenham tempo de crescer - o que facilita a adaptação da planta ao novo habitat.

VIDA NÔMADE 

Para se fixar bem na nova terra, a árvore precisa de um corte especial nas raízes e ser plantada na mesma posição:
 

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1. Meses antes do transplante, é preciso cavar um círculo ao redor da árvore (com pás ou escavadeira) com cerca de seis vezes o diâmetro do tronco. A cavidade pode ter, em média, 60 cm de profundidade, já que as raízes principais estão mais próximas à superfície
 
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2. As raízes são cortadas com serrote de poda, instrumento específico para esse tipo de procedimento. Com o círculo já escavado e as raízes serradas, é preciso jogar terra úmida e muito adubo na valeta, além de regar o local com frequência, dia sim, dia não
 
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3. Após seis meses, novas raízes começam a brotar e a árvore está pronta para o transplante. O torrão - bloco de terra e raízes - é embalado antes da mudança. Quando não há preparação, o torrão e as folhas são borrifados com uma mistura viscosa que mantém a planta nutrida
 
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4. O torrão é embalado com saco de juta, que é biodegradável e não precisa ser retirado na hora em que a árvore é recolocada no solo. Até dá para usar outros materiais, como saco de plástico, por exemplo, mas aí é preciso retirá-los antes de replantar
 
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5. Cabos de aço envolvem o torrão, e cabos extras são amarrados nos galhos para equilibrar a árvore enquanto ela estiver no ar. Ela é içada por um guindaste e viaja até o seu destino. O novo local deve ter o solo fofo, adubado e irrigado
 
6. Se o trajeto for longo, um caminhão é utilizado no transporte. É importante plantar a árvore na mesma posição em que ela foi retirada, já que foi assim que ela cresceu e se adaptou ao ambiente

7. Como as raízes ainda não estão fixadas, a árvore recebe escoras de madeira para resistir aos ventos. Essa estrutura de apoio fica até que a árvore se adapte, ganhe força e se sustente sozinha. Isso pode demorar, em média, um ano.

Fonte: Site Planeta Sustentável

segunda-feira, outubro 11, 2010

Bom para o bolso e o planeta




Quem paga as contas da casa (ou seja, os pais do adolescente que passa duas horas no banho e da moça que usa o secador duas vezes por dia) dá um duro danado para reduzir os gastos com água e luz. Substitui lâmpadas incandescentes por LED ou fluorescentes (cujo efeito pode ser aquela iluminação horrível de padaria), acumula a maior quantidade possível de roupas sujas, para só então lavar e passar, e, inutilmente, tenta controlar os jovens incontroláveis. Mas é possível ir além dessas medidas, inclusive da gritaria com os gastadores cheios de espinhas

Graças a certos aparelhinhos que funcionam como acessórios inteligentes, pode-se economizar nas contas sem que isso resulte em mudanças drásticas nos hábitos da família. Eles cumprem a função de diminuir os gastos desnecessários. Com a ajuda de especialistas, VEJA selecionou seis produtos eficientes para seu bolso a longo prazo, para a conservação do planeta e, não menos relevante, para a manutenção das suas cordas vocais. 

INTERRUPTORES QUE REGULAM INTENSIDADE DE LUZ 
O que fazem: também chamados de dimmers, esses interruptores permitem ao morador controlar a intensidade de luminosidade da lâmpada. A diminuição em 20% da intensidade de luz é quase imperceptível ao olho humano e já resulta em economia 
Economia: "Manter a lâmpada acesa com 80% de sua capacidade reduz em 30% os gastos com iluminação e pode dobrar o tempo de vida útil da lâmpada", diz o engenheiro elétrico Pedro Braida Neto Redução na conta mensal com seis lâmpadas reguladas por dimmer: 9 reais 
Preço: a partir de 30 reais 

FILTRO DE LINHA ELÉTRICA 
O que faz: ao ser conectado via USB ao computador, o filtro corta o fornecimento de energia aos equipamentos eletrônicos periféricos, como impressora, caixas de som e monitor, assim que o computador é desligado 
Economia: o aparelho evita que os acessórios consumam 9,2 kWh por mês quando ligados ininterruptamente em modo stand by 
Redução na conta mensal: 4 reais, considerando o uso de duas horas por dia do computador e demais acessórios 
Preço: 29,10 dólares (na Amazon) 

REGULADOR DE VAZÃO DO CHUVEIRO 
O que faz: o registro permite que a pessoa controle a intensidade do jato da ducha (não tem a ver com a regulagem obtida com as torneiras) 
Economia: um chuveiro convencional gasta, em média, 20 litros por minuto. Com o regulador, esse volume pode ser ajustado para um fluxo de 8, 14 e 16 litros, sem que seu banho se torne menos agradável 
Redução na conta mensal: de 27 a 34 reais 
Preço: de 75 a 90 reais 

AREJADOR DE TORNEIRAS 
O que faz: mistura ar à água, causando a sensação de maior volume. Com o arejador, o jato de água sai da torneira em forma de "chuveirinho". 
Economia: entre 57% e 76%. Enquanto uma torneira convencional usa de 14 a 25 litros de água por minuto, com o arejador o consumo cai para 6 litros 
Redução na conta mensal: de 22 a 30 reais 
Preço: de 28 a 35 reais 

VÁLVULA DE DESCARGA COM ACIONAMENTO DUPLO 
O que faz: as válvulas mais modernas têm duas teclas de acionamento. A destinada à remoção de resíduos sólidos usa 6 litros de água por descarga; a de resíduos líquidos, apenas 3 
Economia: como um equipamento convencional usa de 10 a 12 litros de água por descarga, a substituição causa uma economia de 40% a 50% no fim do mês 
Redução na conta mensal: de 9 a 11 reais 
Preço: de 85 a 171 reais (válvula); de 250 a 2 600 reais (bacia com caixa acoplada) 

FILTRO DE LINHA ELÉTRICA COM SENSOR DE PRESENÇA 
O que faz: um sensor eletrônico bloqueia a energia de até seis aparelhos em stand by ao detectar a ausência de movimento no ambiente. O período para que os equipamentos sejam automaticamente desligados pode ser regulado entre trinta segundos e trinta minutos 
Economia: o filtro pode representar um corte de 5% na conta de luz, considerando o consumo médio de 157 kWh por mês das residências brasileiras, segundo o Ministério de Minas e Energia 
Redução na conta mensal: 4 reais, prevendo-se o uso de duas horas por dia do computador, som, TV e demais acessórios 
Preço: 91,25 dólares (no site energyfederation.org) 

VEJA TAMBÉM: 
Ecológico e econômico: O modelo W+W integra cuba de pia e vaso sanitário em uma única peça. A criação dos designers italianos Gabriele e Oscar Buratti reduz o desperdício de água - porque a água usada para lavar as mãos é aproveitada para dar descarga 
Como funciona: toda a água utilizada no lavatório escorre para a caixa de descarga. A válvula tem duas teclas de acionamento: uma para 3 (resíduos líquidos) e outra para 6 litros (resíduos sólidos) 
Preço: 14 000 reais 

Fonte:Site Planeta Sustentável